Isso mesmo, você não leu errado, o termo é mesmo Design “Fiction” ou Design especulativo, é uma metodologia que pode atuar como um catalisador para redefinir coletivamente a nossa relação com a realidade futura.

 

O termo foi inicialmente utilizado por Anthony Dunne, professor e chefe do programa de interações de design do Royal College de Londres, e Fiona Raby, professora de design industrial da Universidade de Viena. O americano Bruce Sterling, um dos mais respeitados autores de ficção científica, cunhou o termo “design fiction” em 2005.

 

Grandes empresas, como Goodyear, Toyota, Ford, Uber, Embraer, Visa, Pepsi já utilizam essa Metodologia para identificar problemas e oportunidades atuais e futuros, muitas vezes em horizontes de tempo de 10, 20 ou 30 anos. São “novas” soluções em produtos, serviços e até modelos de negócios, apresentados para problemas que surgirão no futuro, por isso o termo “fiction” ou especulativo.

Estamos vivendo transformações radicais e “disruptivas” de produtos, serviços, modelos corporativos e sociais, talvez a pergunta seja como a nossa equipe, nossa empresa e nosso segmento de serviços esta se preparando para essas mudanças? Será que nossas ações permitirão a nossa sobrevivência e permanência num mercado diferente a cada momento?

Como utilizar essa metodologia e gerar resultados imediatos?

Essa etapa começa com uma provocação motivacional, estimulando idéias e a criatividade da equipe, através de Brainstorm livre para identificar os principais problemas e possíveis oportunidades, não existe um limite para esse levantamento, apenas registre os problemas e oportunidade, no curto, médio e longo prazo.

O resultado dessa etapa é um check-list dos problemas e oportunidades identificados para discussão do grupo.

Agora é o momento de validar os registros com o grupo, avalie cada item com o objetivo de obter consenso, provavelmente existem idéias similares que podem ser otimizadas e adequadas, o importante nessa etapa é obter os principais problemas e oportunidades que serão tratados, segundo priorização do grupo envolvido.

Podem existir várias soluções para cada um dos problemas e oportunidades, procure separar e classificar essas soluções de acordo com requisitos comuns sejam melhorias em processos internos, tecnologia utilizada ou necessidade de competências e habilidades específicas dos profissionais.

Não existem problemas ou oportunidades sem uma ou varias soluções identificadas, podem não ser viáveis nesse momento, é isso que vamos avaliar na próxima etapa.

O grupo irá agora priorizar as soluções associadas aos problemas e oportunidades, baseados na realidade atual, são perguntas simples a serem respondidas:

1. Como podemos projetar um ecossistema melhor para nossa Organização?
2. Como as futuras tecnologias podem afetar nossos produtos e serviços e vice-versa?
3. O que não queremos ver do futuro?

Esses futuros possíveis são lentes usadas para entender melhor o presente, e o que queremos e não queremos ver em nosso futuro como Organização. As soluções serão classificadas como: possível, plausível, provável e preferível, outras soluções poderão ser descartadas para adoção num cenário de curto e médio prazo.

Chegou o momento de apresentar os resultados à Diretoria/Gerencia, ou seja, para os problemas e oportunidades identificados, as soluções que foram propostas, essa é uma técnica conhecida como “Pitch Day”.

todas as informações para que seja possível a tomada de decisão por parte da Diretoria/Gerencia. Uma ferramenta que auxilia nesta visão é o Modelo Canvas, pois permite apresentar num único quadro as informações principais da solução, tais como:

 

• Oferta de Valor: O que a solução irá agregar ou resolver;
• Segmentos de Clientes: Quais serão os clientes impactados pela solução;
• Relacionamentos: Como a área ou a empresa irá se relacionar com os clientes ou usuários;
• Canais: Quais serão os melhores canais de comunicação e atendimento;
• Atividades-chave: Quais serão as principais atividades para entregar o produto ou serviço;
• Recursos-chave: Quais os recursos que precisaremos (materiais, financeiros, humanos, etc);
• Parcerias-chave: Quais serão nossos principais parceiros nessa jornada;
• Estruturas de Custos: Quanto vamos gastar (investimentos, custo operacional, mão de obra);
• Fontes de Receita: Qual será o retorno de investimento, haverá cobrança, modelo de precificação, etc)

Como é a realidade dos profissionais de sua equipe, da sua empresa? Todos com esforços e atividades acumuladas, a famosa cobrança por resultados imediatos e necessários, envolvidos no dia a dia, sem tempo para refletir sobre melhorias e inovação para soluções de problemas ou identificação de oportunidades?

A vantagem dessa Metodologia é que você pode aplicar a qualquer momento, num curto intervalo de tempo, em geral em sessões de 2 horas de imersão com foco das equipes, estimulando idéias, criatividade e inovação com resultados surpreendentes e o mais legal, é que se aplica aos problemas atuais, não somente ao futuro.

Antenor Gomes (*) – Colaborador independente do HDI Brasil, Consultor e Arquiteto de Soluções pela ACGR Serviços de Tecnologia, Mestre em Engenharia Elétrica, Certificado ITIL Expert, COBIT , ISO 20000 e Canvas Model.

Referências Bibliográficas:

http://www.gestaoporprocessos.com.br/wp-content/uploads/2014/06/Business-Model-Generation.pdf

Roadmapping: uma Abordagem Estratégica Para o Gerenciamento da Inovação em Produtos, Serviços e Tecnologias - mai 2019 - André Leme Fleury , David Probert , Henrique Rozenfeld

Speculative Everything Design,Fictionn, And Social Dreaming – by Anthony Dunne and Fiona Raby - ISBN 978-0-262-01984-2