Transformar ou ser transformado?
Apenas 15 % da capacidade total dos servidores instalados em todo o mundo é usada atualmente. Isso acontece por que a TI é dimensionada para suportar os picos de demanda de negócio, levando em consideraçao fatores como a sazonalidade, por exemplo.
Garantir a disponibilidade e resiliência desse ambiente de Ti, fazendo investimentos no momento e volume corretos é o desafio do CIO.
Eliminar essa ociosidade, nos mais de 32 milhões de servidores em funcionamento é algo muito dificil com o modelo tradicional de TI que já conhecemos.
O que devemos esperar, quando o fator provocador das maiores mudanças nas corporações nas últimas décadas se torna tradicional? Uma mudança significativa e profunda.
Isso é o que estamos presenciando com a Computação em Nuvem, ou Cloud Computing.
O conceito fundamental da Cloud Computing é ter um ambiente com grande capacidade de armazenagem, processamento e compartilhamento; no qual o próprio cliente/usuário estabelece suas necessidades de uso, através de um portal de auto-serviço. O pagamento varia de acordo com o volume de consumo dos elementos escolhidos (processador, memória, storage e licenciamento de software), ou seja, a Cloud Computing não é uma arquitetura ou tecnologia, é um novo modelo de consumo de TI.
Com a capacidade computacional e os custos variando de acordo com a necessidade do negócio, grandes investimentos podem ser evitados; ampliando para as corporações a capacidade de executar uma gestão financeira mais precisa e detalhada, alocando os custos da TI nos projetos e departamentos usuários (o chamado chargeback) o que reduz o TCO (total cost of ownership) através de uma camada de gestão e suporte mais adequados à esse novo ambiente flexível.
Para incluir a Cloud em seu portfolio, o primeiro passo recomendado ao gestor de TI, é mapear seus workloads em termos de criticidade e impacto no negócio e, a partir daí, montar uma estratégia para criar um ambiente híbrido, ou seja, um ambiente onde a computação em nuvem e o modelo tradicional trabalham juntos, maximizando os ganhos.
Essa tarefa parece elementar mas esconde vários desafios, como, desmontar tradicionais paradigmas, negociar com as áreas de negócio, reduzir o nível de serviço de uma ou outra aplicação, afinal, mesmo com toda a tecnologia envolvida na cloud computing, a relevância dos serviços no custo de gestão da TI continua sendo considerável.
Tendo isso claro, o passo seguinte é distribuir o workload entre as variações da ‘nuvem’ e entre o TI tradicional. Dependendo do modelo de entrega escolhido, a cloud pode ser classificada como Cloud Pública, onde a infraestrutura fica toda com seu fornecedor e, na grande maioria das vezes, seus dados podem estar em qualquer parte do globo; ou como Cloud Privada, infraestrutura dedicada à sua empresa, para melhorar a gestão e distribuição dos custos desse ambiente entre as áreas usuárias.
Na primeira opção, não há investimentos e seus custos podem ser 100% variáveis de acordo com o consumo; já no segundo modelo, há um alto investimento para a aquisição de hardware e software, mas a empresa se beneficia da possibilidade de gerir diretamente a armazenagem dos dados e quais níveis de serviço a cloud prestará ao negócio.
Além dos trade-offs tradicionais (aquisição de hardware e software X custos totalmente variáveis, controle dos SLAs X adoção dos SLAs do provedor), há outros pontos de atenção na adoção da Cloud. O mais óbvio é a escolha do seu provedor.
Elementos como políticas de back-up e segurança, robustez, credibilidade, probabilidade de manter-se (ou sair) do negócio, apetite para correr riscos, níveis de investimento para manutenção e up-grade do ambiente, devem estar em seu checklist, afinal, ao escolher um provedor, ele se torna, automaticamente, um parceiro; pois será ele o responsável por parte de sua estratégia de negócios.
Depois de escolhido o modelo (privado x público) e seu parceiro ideal, o próximo passo é ajustar sua gestão de custos e de seriços de TI para que todos os benefícios possíveis sejam sentidos pelas áreas de negócio, seja agilidade no lançamento de novos produtos, seja na alocação mais precisa dos custos, ou na eliminação de grandes investimentos melhorando seus indicadores financeiros.
Numa das previsões feitas pelo Gartner, há a afirmação que, em 2021, ‘Cloud Computing’ será apenas ‘Computing’, ou seja, ela deixará de existir como algo novo transformando aquilo que conhecemos pois, este será o modelo tradicional. Com resultados comprovados, investimentos de grandes corporações e, principalmente, pelos problemas endereçados; já é possível afirmar, Cloud Computing é uma realidade, e está se tornando a principal ferramenta dos CIOs para combater a ociosidade, ganhar agilidade para crescimento (e reduções) de seu ambiente e, sobretudo, equilibrar a gestão financeira; tão fundamental para os negócios em momentos de grandes turbulência nos mercados.
Essa transformação sem precedentes, será um divisor de águas. Aos líderes de TI restam duas opções, transformar ou ser transformado.
*Leandro Marins de Abreu
Com 16 anos de experiência no mercado de TI, atua na IBM Brasil como Líder de Cloud Computing para Strategic Outscourcing. Administrador de Empresas pela Universidade de São Caetano do Sul, possui MBAs de Gestão Empresarial pela Fundação Dom Cabral e Fundação Getúlio Vargas.