Sua TI está pronta para o futuro ?
No último artigo que escrevi sobre Cloud Computing, deixei uma pergunta para que os gestores de TI reflitam: Em qual lado da mesa vocês querem estar; dos que irão conduzir a transformação ou dos que serão transformados?
A idéia foi deixar uma pergunta tão impactante quanto as mudanças que estão sendo trazidas pela computação em nuvem, seja para os negócios seja para a própria TI.
Os gestores que estão se aprofundando nesse tema já entenderam o motivo dessa pergunta pois, além das discussões sobre como ampliar a adoção da Cloud nos negócios, o futuro do departamento TI é assunto importante neste momento.
Alguns autores estão afirmando que, com a adoção em massa de Cloud Computing, departamentos de TI deixarão de existir, pois uma vez que a TI virou utility, sendo consumida da mesma maneira que energia elétrica, água ou gás, não haverá mais a necessidade das empresas possuirem departamentos inteiros para manter esse ambiente de suporte aos negócios.
Por mais que esse raciocínio pareça lógico, a conclusão não é tão simples quanto parece, afinal, mesmo sendo um recurso produtivo (assim como a energia elétrica), para ‘consumir’ TI é necessário um alinhamento estratégico com os objetivos de negócios da empresa, e ao desdobrar esse entendimento e transformá-lo em execução prática, se faz necessário subdividir a TI em diversas áreas e funções.
Para entender melhor como a TI funciona e quais as mudanças que a Computação em Nuvem trarão para esses departamentos, primeiro vamos dividir a TI em três grandes torres: Planejamento, Implementação e Suporte.
Uma outra visão importante que podemos criar, é traçar linhas horizontais e dividir as funções de TI entre Estratégicas, Táticas e Operacionais, representada no desenho abaixo:
Ao juntar as duas visões, criamos uma matriz onde, no quadrante 1 temos as funções Estratégicas e de Planejamento, no quadrante 2 as funções Estratégicas e de Implementação até chegarmos no quadrante 9 onde residem as atividades ou funções de Suporte Operacional.
Ao desenharmos um cenário onde a Cloud Computing está plenamente adotada, podemos afirmar que a necessidade da empresa em manter as funções presentes no quadrante 6, 8 e 9 reduz drasticamente, afinal, possuir um ambiente onde a TI é consumida através de provedores confiáveis e sua capacidade (e pagamento) variam de acordo com suas demandas, reduzem, e até eliminam, a necessidade de manter estruturas de suporte e implementação.
Nesse mesmo cenário, podemos afirmar que, ao possuir um ambiente heterogêneno, onde ambientes tradicionais co-existem com workloads alocados ‘na nuvem’, a importância de funções e atividades residentes nos quadrantes 1, 2 e 4 aumentam muito, pelo simples fato de que o alinhamento da TI com o negócio, o planejamento estratégico de consumo da TI e atividades de gestão de fornecedores ficam cada vez mais críticas para o funcionamento dos processos corporativos.
Portanto, ao analisar as mudanças que a Computação em Nuvem trarão para a TI, é de suma importância compreender que o grau de importância de algumas funções irá variar positiva ou negativamente, chegando ao ponto de eliminar algumas funções ou criar outras. Esse é mais um desafio do CIO: montar uma equipe capaz de gerenciar uma TI totalmente diferente do que conhecemos hoje.
Como o cenário acima ainda não é realidade na maioria das empresas, e já sabemos que a TI não irá desaparecer, os CIOs devem desde já montar um plano de capacitação e contratação de pessoas alinhado com o futuro da TI, ou seja, uma TI cada vez mais estratégica com foco em planejamento e gestão de um ecossistema de parceiros capaz de agregar valor para o negócio através da estruturação de um ambiente flexível, escalável e robusto.
* a estruturação dos 9 quadrantes foi idealizada com base na ferramenta global da IBM chamada Component Business Model for IT, que elenca todas as atividades e funções da TI e as agrupa em 8 torres e 3 linhas.
Leandro Marins de Abreu
Com 16 anos de experiência no mercado de TI, atua na IBM Brasil como
Executivo de Cloud Computing para Strategic Outscourcing.
Administrador de Empresas pela Universidade de São Caetano do Sul, possui
MBAs de Gestão Empresarial pela Fundação Dom Cabral e pela FGV.