Profissionais de TI têm de aprender a se comunicar
Como dizia Chacrinha, saudoso comunicador de rádio e televisão: “Quem não se comunica, se trumbica”. Esse bordão, criado há mais de 40 anos, continua atual. Para que não haja dúvida sobre seu significado, talvez fosse interessante fazer uma versão ampliada
: “Quem não se comunica de maneira clara e organizada, se trumbica”.
Na indústria de TI, então, a comunicação tem se mostrado um ponto nevrálgico. Está provado que ter apenas conteúdo não é sinônimo de sucesso. Até mesmo os prodígios têm de saber expor seus pensamentos de forma bem estruturada, a fim de se fazerem entender e atingir suas metas com mais facilidade.
Parece persistir a ideia de que apenas quem cursou disciplinas da área de humanas na faculdade é obrigado a se dedicar a escrever e falar bem. Teoricamente, no conceito de alguns profissionais de biológicas e exatas eles estariam livres desse ‘encargo’. De algum modo, justificam que têm coisas mais importantes para se preocupar. Ledo engano!
Na verdade, saber se comunicar é não só uma ‘arte’, mas uma habilidade a que todos os profissionais, quer atuem no setor de tecnologia, quer atuem em medicina ou em geografia, devem se dedicar. Poucos são os profissionais de TI que sabem apresentar planos a clientes e diretores de maneira clara, concisa, em ordem cronológica, cuidando inclusive da estética. Hoje, por mais incrível que possa parecer, saber se apresentar se tornou um diferencial no mundo corporativo.
Chamam atenção não apenas os crônicos erros de concordância e de linguagem – herança de um sistema educacional deficitário, na certa – mas até mesmo como as pessoas se mostram negligentes em seus e-mails e documentos, se descuidando do requinte da escrita e da apresentação visual.
Seria tão simples tomar como base uma estrutura clara: situação atual - objetivo da informação - situação desejada - formas para se atingir o objetivo... Basta que saibamos onde estamos, o que é preciso para chegar aonde desejamos, e estruturar o caminho. Cada um faz o seu, seguindo apenas a regra do bom senso e da clareza verbal e gestual.
Cabe aos gestores exigirem maior empenho de seus colaboradores nesse sentido. O excesso de leniência os impede, inclusive, de trilhar o caminho do aperfeiçoamento, buscando mais conhecimento para explorar as palavras e expor suas ideias de forma clara, interessante e concisa. Certamente, os gestores que exigem melhor qualidade na comunicação de sua equipe estão desempenhando um papel fundamental na formação desses profissionais.
*Enio Ciappa é gerente de projetos da Unione – www.unione.com.br