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Maturidade é indicativo de empreendedores de sucesso

Maturidade é indicativo de empreendedores de sucesso

Bill Gates, Mark Zuckerberg e Jeff Bezos fundaram suas empresas que hoje são exemplos de sucesso global antes dos 30 anos de idade, ajudando a contribuir para criação e propagação do mito do empreendedor prodígio. Mas a realidade nos mostra algo bem diferente: empresas de sucesso são normalmente fundadas por pessoas mais velhas.

É o que mostra, por exemplo, pesquisa realizada pelo professor de Gestão do MIT Sloan e pesquisador da National Bureau of Economic Research, Pierre Azoulay. Segundo seu estudo, a maioria dos fundadores bem-sucedidos começaram na meia-idade, aproximadamente aos 42 anos.

Numa cultura em que a juventude ganha cada vez mais importância, não apenas em âmbito estético (as pessoas quererem parecer mais jovens e atraentes), mas também no quesito intelectual (busca por ideais inovadoras que atendam a demandas menos lineares), a maturidade fica relegada a segundo plano. É cada vez mais comum, por exemplo, profissionais que passam de 40 anos de idade reclamarem de falta de oportunidades no mercado de trabalho.

Segundo a consultora organizacional, e professora de MBAs da FGV/SP, Caroline Marcon, por mais estranho que isso possa aparecer, tal tendência não se aplica aos empreendedores.

Com 30 anos, Jeff Bezos criou a Amazon. Ainda mais jovem, com apenas 20 anos, Mark Zuckerberg fundou o Facebook. Bill Gates tinha 19 anos quando instituiu a Microsoft. Todos esses casos, argumenta a coach executiva, certamente contribuíram para formar o mito dos empreendedores prodígios, levando à crença generalizada de que boas ideias surgem com mais facilidade em mentes jovens.

Mas isso, segundo Caroline, não pode estar mais longe da verdade, ainda mais quando a história é rica em casos de pessoas experientes, que já haviam passado dos 40 anos, quando se tornaram empreendedores de sucesso. Lembre-se que o fundador da Walmart, Sam Walton, abriu a primeira loja da rede quanto tinha 44 anos. Alguns anos mais velho, com 52 anos, Henri Nestlé inventou a farinha láctea, que seria o primeiro produto da Nestlé. Já Charles Flint, contava com 61 anos quando criou o grupo IBM.

“Não só você pode começar um negócio em qualquer idade, como a maturidade é um indicador de sucesso”, afirma a consultora organizacional, lançando mão de uma pesquisa feita por Pierre Azoulay, professor de Gestão do MIT Sloan School of Management e pesquisador associado da National Bureau of Ecomonic Research. De acordo com o levantamento do professor, a maioria dos fundadores bem-sucedidos começaram na meia-idade, aproximadamente aos 42 anos.

De acordo com a autora, o sucesso de empreendedores maduros pode ser explicado pelos benefícios que se acumulam normalmente com o passar dos anos, como, por exemplo, o aprendizado que advém da experiência, recursos financeiros resultantes do trabalho e rede de contatos mais robusta. Para ela, a maturidade se torna positiva até para os empreendedores prodígios. “Não se pode negar que Bill Gates e Jeff Bezos, por exemplo, foram mais bem-sucedidos aos 50 anos do que aos 20 anos de idade”, diz.

Se a maturidade não é um impeditivo para se montar um negócio de sucesso, sendo, em muitos casos, até mesmo recomendada, há outros sinais de alerta que devem ser levados em consideração por aqueles que estão pensando seriamente em empreender. A especialista destaca três deles.

Em primeiro lugar, de acordo com Caroline, aquele que deseja empreender deve estar ciente de que precisa gostar de resolver problemas de outras pessoas. Uma empresa - um produto ou uma marca - será criada para, em primeira instância, atender a uma demanda. “Assim, será necessário conhecer as dores do seu cliente para oferecer uma solução viável e atrativa. Neste jogo, a empatia com o cliente é fundamental”, diz.

O segundo ponto é: interessar-se por e ter a capacidade de vender. A consultora organizacional destaca que empreendedores vendem o tempo todo, direta ou indiretamente. “Neste quesito, é recomendável ter posicionamento claro e habilidade de comunicação”, afirma. Para facilitar o processo, Caroline sugere ao empreendedor apresentar uma conexão com o produto que deseja oferecer aos clientes. “Vender algo pelo qual é apaixonado torna a tarefa muito mais fácil e o processo de convencimento maior”, explica.

O terceiro aspecto é ser resiliente. Conforme Caroline, desafios diários serão parte da jornada do empreendedor e ele deverá ter persistência para não desistir frente aos reveses que se acumularão. “Você vai ouvir muitos 'nãos” e precisará de autoconfiança, garra, coragem e muita energia para se recuperar de maneira rápida e seguir em frente”, conclui.

* Caroline Marcon é graduada em Direito e em Administração de Empresas com mestrado em Comportamento Organizacional. Certificada em Coaching Executivo pela Columbia University New York, em ferramentas de Transformação Cultural pelo Barrett Values Centre, em Gestão da Mudança pelo MIT Sloan e em Meditação pelo Dr. Deepak Chopra nos EUA.

Fundadora da Marcon Leadership Consulting e sócia da Field Top Teams Consulting, empresas especializadas em desenvolvimento executivo. Atuou na consultoria global Korn Ferry por nove anos como diretora e coach executiva. Antes disso, trabalhou por cinco anos como consultora para a Organização das Nações Unidas (ONU) na International Telecommunications Union (ITU) e, paralelamente, como consultora de RH na Brasil Telecom/Oi. É também professora de MBAs de Gestão Estratégica de Pessoas e Liderança da FGV/SP.


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