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Pensando em TI

Há alguns anos, durante uma caminhada pelo centro da cidade de São Paulo, experimentei algo no mínimo interessante e ao mesmo tempo intrigante. No cenário tradicional e conservador (estilo europeu) do centro antigo paulistano

, vi uma banca de livros, próximo à Bolsa de Valores, com alguns títulos ali expostos. Um deles em particular chamou-me a atenção: Pensando em TI. Na qualidade de profissional da área de Tecnologia da Informação, foram naturais o interesse e a curiosidade pelo tema.

Passei a folhear o volume, quando, de súbito, percebi que se tratava de uma obra voltada aos aspectos de convivência, reflexões sobre o ser, entre outros conteúdos psicológicos de interesse relevante, mas não dentro do tema que eu esperava. Desfeito o mal-entendido, confessado com certa vergonha, agradeci a atenção do vendedor e segui meu caminho.

Por alguma razão, o tema permaneceu vivo em minha mente, uma vez que TI (desta vez como tecnologia) demanda os mesmos aspectos de convivência e reflexões dentro de uma estrutura organizacional.

Nessa linha, entende-se que atualmente a TI experimenta amadurecimento em sua escala de atuação empresarial, passando de um provedor de informações e reativo às demandas de negócios de uma organização para uma TI relevante e estratégica.

Compare, por exemplo, a área de compras. Esta nasceu a partir da necessidade que a empresa determinava para a geração de bens de consumo (produtos/serviços) para atender o mercado em que atua. De maneira idêntica, a área de compras também se encontrava reativa às necessidades de negócio. Hoje, a empresa organizada produz por meio da área de suprimentos um planejamento global de compras que envolve a discussão com a alta gerência da empresa sobre os novos produtos/mercados que esta espera atingir. Temos assim uma "compra estratégica". Outras comparações poderiam advir desta mesma raiz, como o financeiro (estratégico) frente a uma ação de pagamento e recebimentos (operacional).

A TI que o mercado busca reúne características como analisar, opinar e identificar oportunidades de negócio em conjunto ou se antecipando às necessidades empresariais, tudo isto através da tecnologia que é uma ferramenta, mas que, se bem utilizada, opera como um direcionador estratégico para a empresa.

Todo o contexto até agora discutido sobre a TI remete a conceitos de gestão empresarial focados em Administração Participativa. Neste modelo, áreas de relevância como as que representam o interesse do cliente, fornecedores, funcionários assim como outras interfaces com a empresa (grupos de usuários de um produto ou serviço, por exemplo) retratam a necessidade do mercado, que pode se traduzir em ações estratégicas globais ou locais.

A TI, abraçando o conceito da Administração Participativa, busca esta participação estratégica e de extrema relevância no poder decisório das companhias. Esta cadeira representa o passo necessário para destacar a TI da postura passiva e reativa, para a TI estratégica e pró-ativa.

Os sinais já aparecem em muitas estruturas. Posições antes não contempladas na área de tecnologia da informação, hoje surgem como elo entre a estratégia e o corpo técnico da empresa, direcionando os pensamentos e aspirações de uma companhia para sua área de tecnologia. Exemplo desta posição é o Chief Information Office (CIO) que funciona como um articulador entre os interesses estratégicos da empresa e as equipes internas, inclusive TI.

Concluindo, podemos, portanto, adaptar o título Pensando em TI para Pensando em T.I. Que tal?

(*) Reinaldo Nogueira, coordenador de Pós-Graduação On-Line da Universidade Anhembi Morumbi e professor dos cursos da Escola de Negócios e Direito.


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