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Qual futuro do departamento de TI?

Qual futuro do departamento de TI?

As unidades de negócios e departamentos estão contratando mais profissionais de tecnologia do que a TI. Como isso afetará os orçamentos de TI, a influência do CIO e o futuro do departamento de TI?

Em um movimento de transformação para departamentos de TI e CIOs, um número maior de profissionais de tecnologia estão sendo contratados diretamente por áreas de negócios, do que pelos departamentos de TI, de acordo com uma nova pesquisa do Gartner.

Essa mudança terá grandes ramificações para os orçamentos de TI, influência dos CIOs e os papéis dos líderes de TI, à medida que as empresas entendem que seus negócios dependem cada vez mais de tecnologia e digitalização rápida, e um número significativo de funcionários juniors em todos os departamentos chegam aos seus primeiros empregos com habilidades tecnológicas avançadas.

“Os CIOs não podem mais se dar ao luxo de possuir toda a propriedade intelectual de tecnologia na empresa”, diz Darren Topham,  Diretor de Pesquisa do Gartner. “Na verdade, isso se tornou muito perigoso’’, completa.

Topham diz que além dessa questão de áreas de negócio contratarem profissionais de tecnologia para seus ambientes, existe mais um fator que corrobora com a tese que a TI empresarial está dividindo espaço: a disponibilidade de aplicativos para compra, licenciamento e uso direto pelos departamentos sem consultar TI - movimento já conhecido como Shadow IT.

Topham apresentou os resultados da pesquisa e algumas recomendações para CIOs em um Webinar recente. Entre março e maio de 2020, o Gartner analisou o total de empregos publicados nos 12 principais países compradores de TI, classificados por PIB, e descobriu que nos campos de ciência de dados e análise de dados, 306.783 profissionais foram recrutados por departamentos de TI, enquanto 697.140 foram recrutados por outras unidades de negócios / departamentos. O Gartner encontrou disparidades semelhantes nos números de recrutamento para profissionais de IA e profissionais de automação de processos robóticos – as unidades de negócios estavam recrutando mais desses profissionais do que os departamentos de TI.

Por que as unidades / departamentos e áreas de negócios estão fazendo isso? As áreas usuárias têm algum problema em como a área de TI opera? Vamos ver a seguir.

Departamentos se sentem capacitados para isso

“Não é porque odeiam a TI ou acham que a TI é muito lenta, ou porque têm um relacionamento ruim”, diz Topham. “É simplesmente porque eles podem. Eles se sentem empoderados e tecnologicamente preparados. Eles se sentem próximos de seus clientes e mais próximos de suas necessidades.”

As duas principais razões pelas quais esses líderes de unidades de negócios disseram que adquiriram ou desenvolveram uma solução sem o suporte do departamento de TI são as seguintes: “Temos uma melhor compreensão de nossos requisitos do que o departamento de TI”; e “Temos as capacidades e recursos necessários para fazer isso sozinhos”.

Quando Topham perguntou aos CIOs no ano passado quanto esse movimento custa para a TI, seus palpites tendiam a chegar a 5% a 6% do investimento total em tecnologia. Ele também perguntou às unidades de negócios o que elas estavam gastando. O número real de gastos com tecnologia fora da organização de TI e dos orçamentos de TI é mais de 36%, ou seis vezes o que os CIOs pensavam que era.

Mas o fato de o número ser tão alto era apenas parte do problema para os CIOs. A outra parte que pode ser irritante para os líderes de TI é que apenas 36% do orçamento de TI, em média, é para projetos de crescimento ou inovação. “A maioria dos orçamentos do CIO não são para projetos facultativos, e sim para projetos obrigatórios para continuidade dos negócios normais. Os CIOs não têm muito espaço de manobra para inovação, a qual está indo para as mãos das áreas de negócios. Ou seja, projetos de tecnologia com foco em crescimento, melhorias, transformação e inovação, os departamentos estão buscando sozinhos.”, afirma Topham.

Ou seja, em média, cerca de 70% do orçamento formal de TI vai para atividades e investimentos normais de execução dos negócios, as quais são em sua maioria obrigatórias, de acordo com o Gartner.

Outra perspectiva frustrante é que as organizações de TI são solicitadas a assumir a responsabilidade formal de gerenciamento desses projetos de ‘’Shadow IT’’ uma vez a cada oito semanas, de acordo com a pesquisa do Gartner. Ou seja, TI em algum momento irá herdar um projeto que foi adquirido e implementado por uma área de negócio direto com o fornecedor externo, porém por questões de conhecimento, segurança ou capacidade técnica, a TI é solicitada para assumir. Nesses casos, os projetos podem vir sem as devidas homologações que TI exige, e as responsabilidades podem recair sobre o CIO em caso de insucessos. 

No entanto, o Gartner não prevê um papel cada vez menor para o CIO ou departamento de TI. Em vez disso, diz Topham, o CIO será envolvido na empresa no papel de orquestrador desses gastos com tecnologia em toda a companhia. Para evoluir de encontro a essa função, esses líderes de TI precisam mudar sua abordagem às mudanças que já estão em andamento em suas organizações.

Primeiros passos para gerenciar a mudança 

O Gartner recomenda quatro etapas iniciais para gerenciar essa mudança e construir essa abordagem de orquestração:

  • Equalizar a lacuna (gaps) de talentos digitais para toda a empresa, não apenas para TI;
  • Minimizar o atrito digital e aumentar a produtividade dos funcionários;
  • Adotar governança que equilibre autonomia com controle;
  • Reorganizar a liderança nos departamentos responsáveis pela criação e propriedade da tecnologia.

“O primeiro passo é iniciar a conversa, trazer o assunto para debate entre TI e departamentos”, diz Topham. “Os CIOs precisam começar a ter essa conversa em suas organizações porque, se não o fizerem, naturalmente esse caminho de ser o orquestrador irá falhar.”

Se eles (CIOs) tentarem assumir o controle de tudo, ficarão sem poder. Em vez disso, os CIOs precisam ajudar os outros C-levels a entender como gerenciar seus próprios portfólios de tecnologia. Topham diz que haverá um espectro de concessões à medida que as organizações analisam os impactos operacionais, a conformidade legal e os perfis de risco da organização para a propriedade de diferentes tecnologias. Ou seja, o CIO precisa aceitar esse movimento como irreverssível e se adequar para fazê-lo evoluir de forma orquestrada com negócio.

Quem é responsável?

Não são apenas os CIOs que precisarão evoluir. Topham observa que CEOs e conselhos sempre quiseram “uma única garganta para sufocar” quando se trata de tecnologia (e os inevitáveis ​​problemas que surgem). No caso, a garganta do CIO.

“Mas esse não pode mais ser o caso”, diz ele, citando os benefícios da nova abordagem, desde o uso mais eficiente de recursos subutilizados até uma melhor coordenação e maior eficácia da tecnologia em toda a empresa.

“Mas se não for gerenciado e expandido da maneira certa, os CIOs estão se preparando para falhar, porque de repente eles serão responsáveis ​​e possivelmente punidos por coisas sobre as quais eles não têm absolutamente nenhuma autoridade e nenhum domínio.”

Mas, assim como quando há um problema com um funcionário, um gerente pode pedir ao RH para intervir, e a mesma abordagem provavelmente ocorrerá com o CIO e a organização de TI em relação aos projetos de tecnologia iniciados pelo negócio.

“Sim, as coisas vão dar errado. Você terá violações de conformidade ou as coisas vão colapsar em alguns momentos”, diz Topham. “O usuário entrará em contato com a TI para facilitar e ajudar na retificação. A natureza da parceria muda um pouco. Independentemente da culpa, você ajuda a corrigi-lo. É para isso que você está lá. Não existe recriminar ou encontrar culpados, apenas resolver o problema e seguir com os negócios.”

Este será um ajuste contínuo para líderes e organizações de TI à medida que a mudança continuar nos próximos meses e anos. Topham tem um conselho final para os CIOs que estão entrando nesta nova era.

“Não fazer nada não é uma opção”, diz Topham. “Nenhum departamento está adotando uma postura de comando e controle do tipo 'isto é meu'. Não fazer nada, ou fazer o que sempre fizemos, não serve mais. É preciso orquestrar.”

 

* Jessica Davis é editora sênior da InformationWeek, publicação parceira de conteúdo no HDI em todo mundo. Ela cobre liderança de TI corporativa, carreiras, inteligência artificial, dados e análises e software corporativo. Ela vive sua carreira cobrindo a interseção de negócios e tecnologia. 


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